(não gosto de datas certas mas isso não implica que não aprecie alguma simetria nos números) que o livro “Um coração duas casas” foi apresentado pela primeira vez ao público, numa parceria com o Municipio de Vouzela e com a colaboração de várias pessoas que se dedicaram para tornar a apresentação um sucesso. Foram criados adereços que deram forma ao livro e o materializaram, adereços que ainda hoje uso nas apresentações que vou levando às crianças um pouco por todo o País.
Passados dois anos, o livro continua a suscitar interesse, tendo sido obrigado a mandar imprimir mais exemplares, garantindo que a “Loba” continue a chegar às casas de quem dela precisa. Numa altura em que já me encontro a preparar a apresentação do novo livro, continuar a trabalhar sobre o anterior é um motivo imenso de orgulho e vem mostrar que eu e a Ana estávamos certos quando o publicamos.
Queríamos que o livro fosse mais do que um livro, queríamos que ele fosse o mote para conversas, debates, apresentações e, no fundo, que ele fosse o gatilho para abordar abertamente o tema da separação sob a perspectiva da criança. Desde o seu lançamento, foram mais de 2500 exemplares vendidos, centenas de escolas visitadas, vários munícipios, centros educativos, feiras do livro, etc.
Mas mais importante do que isso, foram as milhares de crianças que, além de ficarem a conhecer um livro e uma história, a puderam conhecer enquanto a contávamos e explicávamos olhos nos olhos. Essa interacção é muito maior que qualquer história, possibilita que ela seja absorvida de uma forma muito mais abrangente que a simples leitura e que seja marcante e impacte para lá do que um livro simboliza, desconstruindo muitas vezes temas complexos no imediato.
E isso é (ou deveria ser) o propósito de quem escreve ou trabalha com crianças, proporcionar experiências que lhes permitam entender, sentir, pensar e, se for o caso, ajudar a corrigir comportamentos ou a atenuar dores.